Conversas de estrada em São Francisco

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Esse post aqui eu vou escrever em português e tem um motivo simples: surgiu de um bate-papo que tive com o motorista que me levou ao aeroporto aqui em SF, um homem goiano de uns 65 anos que mora aqui há 23. Quando entrei no Uber ele estava tocando uma música sertaneja, mas era um estilo de sertanejo bem mais velho, lembrando que não sou experiente nem em sertanejo nem em música brasileira - é apenas minha impressão. Pronunciou meu nome com um sotaque bem brasileiro para me identificar ao entrar no Uber. A gente conversou em inglês, português e espanhol (talvez ele queria que eu percebesse que ele tinha aprendido espanhol aqui, tanto quanto eu queria que ele percebesse da minha fluência em português). Eu perguntei para ele de quais coisas em Goiânia/Barsil ele sentia falta depois de tantos anos fora do país. Sem pensar duas vezes, ele falou que alguns bons amigos e parentes. Conforme a conversa continuava ele começou mencionando alguns pratos típicos: arroz com pequi, pamonha, peixe na telha, caldo de frango, caldo de mocotó, pastel, empadão goiano. Enquanto ele falava daquelas refeições, também mencionava nomes de avenidas, ruas, e praças, mesmo eu tendo lembrado ele que ainda não conhecia Goiânia. Toda vez que ele terminava com uma lagoa mental de algum local, ele encerrava a dica com um "não lembro do nome, mas bota aí no Google que você acha com certeza." Graças a ele (e a nossos scholars da UFG kkk), ficou pronta minha lista de coisas para experimentar quando eu for para GO o próximo ano!

Já falando em assuntos mais íntimos, eu consegui ver uma saudade muito profunda nos olhos daquele homem, que me lembrou muito do meu pai. Meu pai mora nos EUA há +23 anos e fala com aquele entusiasmo da comida e dos amigos que ele deixou para atrás. Eu não quis perguntar para o motorista o motivo dele ter saído do país dele, talvez por medo de achar uma resposta muito comum e sofrida entre migrantes nesse país. No final, eu não sei se essa teria sido a situação dele. Talvez o medo era eu descobrir quantos pensamentos tristes eu continuo tendo quando me encontro com histórias similares à minha e a de milhões de famílias separadas pela "legalidade" que "deve ser honrada" em qualquer país que "se preza de ser um país de leis, ordem e progresso." Porém, não gostaria de concluir esse post em uma nota triste...

Vou então encerrar falando o quanto legal foi para mim bater papo em português a caminho para o México desde os EUA hoje 😃

December 7, 2019

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