Riqueza do português brasileiro

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O português brasileiro, um tesouro linguístico com características únicas, desafia aqueles acostumados à fonética mais estável e às estruturas gramaticais mais uniformes de idiomas como o espanhol. Nesta exploração, analisaremos as fascinantes características linguísticas que diferenciam o português brasileiro, explicando sua divergência das normas gramaticais mais rígidas da sua contraparte continental. Também vamos descobrir nuances, especialmente na forma oral, que devem ser abraçadas para adquirir uma compreensão completa dessa vibrante variante linguística do português.

Sistemas vocálico e consonántico instáveis

O português ostenta um sistema dinâmico e amplo de vogais e consoantes, diferenciando-o da sua língua irmã, o espanhol. Suas 5 vogais nasais e vários ditongos nasais, juntamente com as outras cinco vogais orais, além do 'e' aberto e do 'o' aberto, adicionam outro nível de complexidade que desafia quem o aprende. Além disso, a variante brasileira apresenta realizações mais variadas para certas consoantes dependendo da região, como a letra "s" pronunciada [s] ou [ʃ] no final das palavras ou [z] entre vogais, e o "r" pronunciado [ɾ] entre vogais, [χ] no início das palavras, ou até mesmo ø (nada) no final de infinitivos, entre outras realizações. Finalmente, o fenômeno da palatalização, ausente em Portugal e não uniforme em todo o Brasil, adiciona complexidade ao português brasileiro. Esse robusto panorama fonético exibe uma maior instabilidade para o ouvido não treinado, exigindo uma sintonia fina para mudanças sutis na pronúncia.

Divergências no uso de pronomes

Uma significativa diferença das gramáticas tradicionais é evidente no uso de pronomes (in)diretos no português brasileiro, ou seria melhor dizer, na sua ausência. Os falantes frequentemente se desviam das regras convencionais, optando por omitir pronomes diretos e indiretos e usando pistas contextuais na forma falada. Por exemplo, ao perguntar se alguém assistiu ao jogo de futebol ontem, um brasileiro pode concordar simplesmente dizendo "assisti", em vez de "assisti-o". Também na linguagem oral, os pronomes de sujeito podem substituir os de objeto, introduzindo uma ênfase única nas conversas, como em "eu visitei ela" em vez de "eu a visitei" ou "eu visitei-a". Essa discrepância apaga a fronteira entre o português oral e escrito, um fenômeno que merece a atenção daqueles que aprendem o idioma.

Pronomes pessoais e conjugações

No contexto brasileiro, o sistema de conjugação, considerado o pilar de sua gramática, sofre transformações. Formas tradicionais como "tu" tem aplicação limitada na fala cotidiana e o "vós" está práticamente extinto. Em vez disso, "você" é comumente usado, e mesmo aqueles que podem usar "tu" regionalmente misturam formas verbais reservadas para "você". Alternativas têm prioridade em imperativos, como em "vamo' bater papo" em vez de "batamos papo" ou "pode esperar aqui" para "espérate aquí" em espanhol (poder + infinitivo), e pronomes de objeto no início das frases, algo incomum no português continental, são normativos no português brasileiro, mostrando a divergência. Por exemplo, é mais provável ouvir [ew tʃi 'amu], com palatalização, ou [ew ti 'amu], sem ("eu te amo"), no Brasil do que o ['ɐmt]/['ɐmutᵊ] ("amo-te") do Portugal.

Mesóclise, um raro fenômeno gramatical

A mesóclise, ou seja, a inserção de pronomes de objeto em um verbo no futuro ou condicional, continua em grande parte ausente no português brasileiro, apesar de ser ensinada nas escolas. Os brasileiros preferem formas mais simples, como em "vou fazer" em vez de "fazê-lo-ei", evitando a versão mais complexa tanto na forma oral quanto escrita. A preferência pela simplicidade revela a riqueza do idioma, especialmente na comunicação diária, onde se confia em sinais contextuais linguísticos e extralinguísticos, como tom e linguagem corporal.

Preservação das sibilantes no português (mas não no espanhol)

Embora a preservação das sibilantes, ou sons parecidos com "s", seja uma característica compartilhada com o português continental, desempenha um papel crucial na diferenciação com o espanhol. As sibilantes [s] como em "caçar", [z] como em "casar", [ʒ] como em "já" e [ʃ] como em "chá" do português contribuem para o desafio que os hispanofalantes enfrentam ao tentar compreender o português falado. No espanhol moderno, [z] não existe mais entre vogais: "casar" é pronunciado da mesma forma que "cazar" ("ca[s]ar") em partes da Espanha e em toda a América Latina, enquanto no centro e norte da Espanha, "cazar" é pronunciado "ca[θ]ar", onde [θ] é como o "th" surdo do inglês. O antigo espanhol fi[ʒ]o tornou-se fi[ʃ]o, que finalmente se tornou hi[x]o ("hijo") no espanhol moderno. O espanhol antigo "caxa," "xefe" e "dexar", pronunciados exatamente como no português, alteraram a sua pronúncia e ortografia para "caja", "jefe" e "dejar", e o antigo espanhol fa[dz]er e de[dz]ir tornaram-se os atuais "ha[s]er" e "de[s]ir" - ou "ha[θ]er" e "de[θ]ir" na maioria da Espanha. Se você está interessado em aprender sobre as mudanças sistemáticas que ocorreram na evolução do português em comparação com o espanhol, clique aqui e aqui.

Contrariando estereótipos, essas características linguísticas do português brasileiro vão além do uso informal ou coloquial, permeando todas as classes sociais e domínios profissionais. Uma compreensão abrangente das formas escritas e faladas é crucial para aqueles que exploram as complexidades dessa variante linguística vibrante. Abraçar a diversidade linguística dentro e fora do português brasileiro não é apenas necessário, mas esclarecedor. Longe de representar um obstáculo, a variação das normas gramaticais tradicionais adiciona nuances, diversidade e uma dose de realidade linguística, contribuindo para a beleza do português. Os aprendizes são encorajados a manter a mente aberta, perseverar diante dos desafios na aprendizagem e apreciar o idioma em toda a sua glória. Bons estudos!

Se você chegou até aqui, talvez queira dar uma olhada em alguns dos erros frequentes cometidos por quem está aprendendo português.

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Discovering the Richness of Brazilian Portuguese

Brazilian Portuguese, a treasure trove with distinctive linguistic features, challenges learners accustomed to more stable phonetics and more uniform grammatical rules of languages like Spanish. In this exploration, we delve into the fascinating linguistic characteristics that set Brazilian Portuguese apart, shedding lig ht on its divergence from the more rigid grammar norms of its continental counterpart. We will uncover nuances, especially in the spoken form, that learners should embrace to gain a comprehensive understanding of this vibrant linguistic variant of Portuguese.

Unstable Vowel and Consonant System

Portuguese boasts a dynamic and expansive system of vowels and consonants, setting it apart from its linguistic sister, Spanish. The inclusion of 5 nasal vowels and several nasal diphthongs, alongside the other five oral vowels, plus open 'e' and open 'o,' introduces a layer of complexity that challenges learners. Additionally, the Brazilian variant presents more sound realizations for certain consonants depending on the region, like the letter "s" pronounced [s] or [ʃ] at the end of words or [z] between vowels, and "r" pronounced [ɾ] between vowels, [χ] at the beginning of words, or even ø (nothing) at the end of infinitives, among other realizations. Finally, the phenomenon of palatalization, absent from Portugal and not even uniform all over Brazil, adds to the complexity of Brazilian Portuguese. This robust phonetic landscape exhibits greater instability for the untrained ear, demanding an attunement to subtle shifts in pronunciation. 

Pronoun Usage Deviations

A significant departure from traditional grammars is evident in the usage of (in)direct pronouns inBrazilian Portuguese, or lack thereof. Speakers often deviate from conventional rules, opting to omit direct and indirect pronouns in favor of contextual cues in the spoken form. For example, when asked if they watched the soccer game yesterday, a Brazilian may agree simply saying "assisti," rather than "assisti-o". Also in spoken language, subject pronouns may replace object pronouns, introducing a unique emphasis to conversations, as in "eu visitei ela" instead of "eu a visitei"/"eu visitei-a." This deviation blurs the line between spoken and written Portuguese, a phenomenon worthy of mention for learners to grasp and navigate.

Personal Pronouns and Conjugations

The conjugation system, a cornerstone of Portuguese grammar, undergoes a transformation in the Brazilian context. Traditional forms like "tu" and the rare "vós" find limited application in everyday speech. Instead, "você" is commonly used, and even those who may use "tu" regionally will mix in verb forms reserved for "você." Colloquial alternatives take precedence in imperatives, as in "vamo' bater papo" instead of "batamos papo" or "pode esperar aqui" for Spanish "espérate aquí" (poder + infinitivo), and object pronouns at the beginning of sentences, a no-go in continental Portuguese, are normative in Brazilian Portuguese, showcasing the divergence. For instance, you are more likely to hear [ew tʃi 'amu], with palatalization, or [ew ti 'amu] without ("eu te amo") in Brazil instead of ['ɐmt]/['ɐmutᵊ] ("amo-te") in Portugal.

Mesoclisis, a Rare Grammatical Phenomenon

Mesoclisis, the infixing of object pronouns into a verb in the future tense or conditional, remains largely absent from Brazilian Portuguese, despite it being taught in schools. Brazilians favor straightforward forms, as in "vou fazer" instead of "fazê-lo-ei," avoiding the more intricate equivalent in both spoken and written forms. This inclination toward simplicity showcases the language's richness, particularly in everyday spoken communication, where reliance on linguistic and extra-linguistic contextual cues, such as tone and body language, is prevalent.

Preservation of Sibilants in Portuguese (but not in Spanish)

While the preservation of sibilants, or s-like sounds, is a feature shared with continental Portuguese, it plays a crucial role in differentiating the language from Spanish. The sibilants [s] as in "caçar," [z] as in "casar," [ʒ] as in "já," and [ʃ] as in "chá," are maintained in modern Portuguese, contributing to the challenge of Spanish speakers in understanding spoken Portuguese. In modern Spanish, [z] no longer exists between vowels - casar is pronounced the same as cazar ("ca[s]ar") in parts of Spain and all of Latin America, while in central and northern Spain, "cazar" is pronounced "ca[θ]ar," where [θ] is the same sound as devoiced "th" in English. Old Spanish fi[ʒ]o became fi[ʃ]o, which finally became hi[x]o ("hijo") in modern Spanish. Old Spanish "caxa," "xefe," and "dexar", pronounced ca[ʃ]a, [ʃ]efe, and de[ʃ]ar, modified their pronunciation and spelling to modern day "caja", "jefe," and "dejar;" and old Spanish fa[dz]er and de[dz]ir became present day "ha[s]er" and "de[s]ir" - or "ha[θ]er" and "de[θ]ir" in most of Spain. If you're interested in learning about systematic changes that happened in the evolution of Portuguese as compared to Spanish, click here, and here

Contrary to stereotypes, these linguistic features of Brazilian Portuguese extend beyond informal or slang usage, permeating all social classes and professional domains. A comprehensive understanding of both written and spoken forms is crucial for learners navigating the intricacies of this vibrant language variant. Embracing the linguistic diversity within and outside Brazilian Portuguese is not only necessary, but enlightening. Far from being a hindrance, the deviation from traditional grammar norms adds layers of nuance, diversity, and a dose of linguistic reality, contributing to the beauty of Portuguese. Learners are encouraged to remain open-minded, persist through challenges while learning, and appreciate the language in all its glory. Bons estudos!

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Descubre la riqueza del portugués brasileño

El portugués brasileño, tesoro lingüístico con características únicas, desafía a quienes están acostumbrados a una fonética más estable y a las reglas gramaticales más uniformes de idiomas como el español. En esta exploración, analizaremos las fascinantes características lingüísticas que distinguen al portugués brasileño, explicando su divergencia de las normas gramaticales más rígidas de su contraparte continental. Descubriremos matices, especialmente en la forma oral, que deben ser aceptados para adquirir una comprensión completa de esta vibrante variante lingüística del portugués.

Sistemas vocálico y consonántico inestables 

El portugués presume de un sistema dinámico y amplio de vocales y consonantes, que lo diferencia de su lengua hermana, el español. Sus 5 vocales nasales y varios diptongos nasales, junto con las otras cinco vocales orales, además de la 'e' abierta y la 'o' abierta, agregan otro nivel de complejidad que desafía a quien lo aprende. Además, la variante brasileña presenta realizaciones más variadas para ciertas consonantes según la región, como la letra "s" pronunciada [s] o [ʃ] al final de las palabras o [z] entre vocales, y la "r" pronunciada [ɾ] entre vocales, [χ] al principio de las palabras, o incluso ø (nada) al final de infinitivos, entre otras realizaciones. Finalmente, el fenómeno de la palatalización, ausente en Portugal y no uniforme en todo Brasil, añade complejidad al portugués brasileño. Este robusto paisaje fonético exhibe una mayor inestabilidad para el oído no entrenado, exigiendo mayor atención a los sutiles cambios de pronunciación.

Divergencias en el uso de pronombres

Una significativa diferencia de las gramáticas tradicionales se evidencia en el uso de pronombres (in)directos en el portugués brasileño, o más bien su ausencia. Los hablantes usualmente se apartan de las reglas convencionales, optando por omitir pronombres directos e indirectos y usan pistas contextuales en la forma hablada. Por ejemplo, al preguntar si alguien vio el partido de futbol ayer, un brasileño puede estar de acuerdo simplemente diciendo "asisti," en lugar de "asisti-o." También en el lenguaje oral, los pronombres de sujeto pueden reemplazar a los de objeto, introduciendo un énfasis único en las conversaciones, como en "eu visitei ela" en lugar de "eu a visitei"/"eu visitei-a." Dicha discrepancia desdibuja la frontera entre el portugués oral y escrito, un fenómeno que merece la atención de quien aprende el idioma.

Pronombres personales y conjugaciones

En el contexto brasileño, el sistema de conjugación, considerado pilar de su gramática, sufre cambios. Las formas tradicionales como "tu" y el raro "vós" tienen una aplicación limitada en el habla cotidiana. En su lugar, se utiliza comúnmente "você", e incluso aquellos que puedan usar "tu" regionalmente mezclan formas verbales reservadas para "você." Las alternativas coloquiales tienen prioridad en imperativos, como en "vamo' bater papo" en lugar de "batamos papo" o "pode esperar aqui" para "espérate aquí" en español (poder + infinitivo), y los pronombres de objeto al principio de las oraciones, algo inusual en el portugués continental, son normativos en el portugués brasileño, mostrando la divergencia. Por ejemplo, es más probable que escuches [ew tʃi 'amu], con palatalización, o [ew ti 'amu], sin ("eu te amo"), en Brasil que el ['ɐmt]/['ɐmutᵊ] ("amo-te") de Portugal.

Mesóclisis, un raro fenómeno gramatical

La mesóclisis, es decir, la inserción de pronombres de objeto en un verbo en futuro o condicional, sigue estando ausente en gran medida en el portugués brasileño, a pesar de que se enseña en las escuelas. Los brasileños prefieren formas más simples, como en "vou fazer" en lugar de "fazê-lo-ei," evitando la equivalencia más compleja tanto en forma oral como escrita. La preferencia por la simplicidad revela la riqueza del idioma, especialmente en la comunicación diaria, donde se confía en señales contextuales lingüísticas y extralingüísticas, como el tono y el lenguaje corporal.

Preservación de las sibilantes en portugués (no así en español)

Aunque la conservación de las sibilantes, o sonidos parecidos a la "s," es una característica que comparte el portugués brasileño con el continental, juega un papel esencial en destacarse del español. Las sibilantes [s] como en "caçar," [z] como en "casar," [ʒ] como en "já," y [ʃ] como en "chá," se mantienen en el portugués moderno, contribuyendo al desafío que enfrentan los hispanohablantes para entender el portugués hablado. En español moderno, [z] ya no existe entre vocales: "casar" se pronuncia de la misma manera que "cazar" ("ca[s]ar") en partes de España y en toda América Latina, mientras que en el centro y norte de España, "cazar" se pronuncia "ca[θ]ar", donde [θ] es como la "th" sorda del inglés. El antiguo español fi[ʒ]o se convirtió en fi[ʃ]o, que finalmente se convirtió en hi[x]o ("hijo") en español moderno. El antiguo español "caxa," "xefe," y "dexar", pronunciado ca[ʃ]a, [ʃ]efe, y de[ʃ]ar, modificaron su pronunciación y ortografía a "caja", "jefe," y "dejar" modernos; y el antiguo español fa[dz]er y de[dz]ir se convirtieron en los actuales "ha[s]er" y "de[s]ir" - o "ha[θ]er" y "de[θ]ir" en la mayoría de España. Si estás interesado en aprender sobre cambios sistemáticos que ocurrieron en la evolución del portugués en comparación con el español, haz clic aquí y aquí.

A contracorriente de estereotipos, las características lingüísticas del portugués brasileño se expanden más allá del ámbito informal o coloquial, permeando todas las clases sociales y ámbitos profesionales. La comprensión integral de las formas escritas y habladas es esencial para aquellos que exploran las complejidades de esta variante lingüística vibrante. Abrazar la diversidad lingüística dentro y fuera del portugués brasileño no solo es necesario, sino también esclarecedor. En lugar de representar un obstáculo, la variación de las normas gramaticales tradicionales agrega matices, diversidad y una dosis de realidad lingüística, contribuyendo a la belleza del portugués. Les animamos a que mantengan una mentalidad abierta, perseveren frente a desafíos de aprendizaje y aprecien el idioma en todo su esplendor. ¡Bons estudos!

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